terça-feira, 31 de maio de 2011

Conversa de homem

      Sempre me pergunto em que planeta eu vivo quando me deparo com psicólogas que diz para dialogar com marido ou namorado . Reportagens inteiras sobre como conversar com o homem em questão, coisa que eu não consigo ou então tenho em casa um da era jurássica porque tal façanha é impossível.
     O problema será só comigo? Será que é só o meu?
     Já tentei de tudo, até as receitinhas pronta do tipo "como fazer ele falar"mas não são eficazes, o mínimo que consigo é grunhidos seguido de mutismo com direito a semanas de silêncio.
     Não tem como conversar se a outra pessoa não quer isso, conversa por aqui existe sim, na maioria das vezes um monólogo interpretado pela minha pessoa, o que é bem exasperante.
     Homem não conversa com mulher nem mesmo sobre futebol, só se ela for comentarista de esporte e isso é bem provável que se estranhem no final e termine tudo com um bate boca.
    Eu já até usei de artimanhas, preparo terreno, fico melosa, benzinho e inheínho mas, quando me esgueiro para o assunto sério ele fecha a cara e ignora, de repente qualquer coisa frívola se torna muito importante, é o sinal do "pare, to nem aí, agora não" e se você ultrapassar ele o caldo entorna de vez.
   Fico boba com isso. Será que essas entendidas que assinam essas matérias conseguem dialogar em casa? Conversam sobre tudo o que é sério e o cara depois que a ouve belo e faceiro diz: "Obrigado, querida, é conversando que a gente se entende. Precisava mesmo ouvir isso." Duvido muito!
    Olha que por aqui o cara é descolado, amigo de todos, prestativo, pai exemplar mas, nunca, nunca mesmo discuta a relação porque você vai encontrar uma muralha ali. Ah, mas ele é uma boa pessoa acontece que, este tipo de assunto, não é conversa de homem.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Bela gravidez!

Todos dizem que filho é um benção e que grávida é linda, pois eu digo que há controvérsias. Tenhos meus filhos e jamais quero  perdê-los mas dizer que todo o processo é belo, eu discordo.
Ter um filho é começar sofrer transformações no momento em que se pega o resultado positivo, a partir daí acabou-se a vida despreocupada, a fase do "pera aí que também vou", das noitadas e passeios radicais, é o final da liberdade, a sua liberdade.
Seu corpo irá mudar e muito e se o cara responsável por isso não te amar o suficiente é nessa hora que irá descobrir. A cada dia você será outra a se olhar no espelho e esta outra vai mudar e mudar até se tornar uma estranha. Um estranha com barriga enorme!
A barriga cresce e tudo em você cresce também. Os seios doem, as pernas incham, os braços pesam e dormir de bruços ou em qualquer posição no final é impossível. Não há uma roupa que fique bem em você e a sensação real é de que a qualquer momento vai explodir.
Essa explosão é um fato que te assombra, é o seu maior desejo e o seu maior medo, nunca se está preparada para o que vem a seguir. Toda vez que lembra do parto tem calafrios.
A certeza é que se entrou vai ter que sair, então se for por vias normais a dor é tanta e dilacerante que naquele momento de dar a vida se deseja a morte; se for pro via cirúrgica enquanto se está anestesiada é uma beleza, mas quando a camarada perder seu efeito você verá luzes do inferno dançarem a sua frente e vai jurar que nunca mais passará por aquilo novamente.
Nessa altura seu corpo já sabe que vai ter que alimentar outra vida e assim vem o leite, os peitos enchem, pesam e doem e quando aquela boquinha faminta vier ter com eles você vai querer desencarnar ali mesmo. E depois vem as rachaduras e fissuras nos mamilos e o ato que anunciam ser de amor para você será de pura dor. É comum chorar nestas horas, creia-me, não será a única. Neste ponto você vai perceber  o quanto 3 horas passam rápido.
Isso é só o começo porque então vem as noites mal dormidas ou nem dormidas, as famigeradas dores de barriga, as febres pelos dentes ou pelas vacinas, as muitas viroses e gargantas inflamadas, as gripes e as coisas inexplicavéis que só criança tem. Tudo isso, amiga, reflete em você, somente em você, por mais que o cara te ajude, você é a mãe e assim será para sempre amém.
Você vai perceber que tudo o que acontece com o teu rebento, de bom ou ruim, você saberá primeiro, falado, por escrito ou telepaticamente. Essa sintonia desperta no momento do nascimento, por isso não se preocupe, você será uma boa mãe.
Eu odiei tudo o que descrevi aqui, cada etapa dolorosa e quando fiquei grávida do segundo, tive mais medo ainda que do primeiro porque sabia o que me aguardava, mas é uma coisa que se esquece facilmente, afinal tudo isso é um meio para um fim: ter filhos.
Não se desespere por esse panorama desanimador pois é claro que tem suas compensações toda vez que você fica babona a cada palavra aprendida, a cada gracinha feita. Ter filhos é aprender que podemos aprender tudo novamente todos os dias, a vida toda.
A maioria de nós passa por tudo isso, mas não é regra, existem as sortudas que tem uma gravidez suave, com pouco transtornos e um parto melhor ainda. Você pode ser uma delas, lembre-se que a natureza nos fez para isso e embora se sofra, é legal ser mãe.
Para vocês grávidas e aspirantes: uma bela gravidez!

terça-feira, 17 de maio de 2011

A "condição" nossa de casa dia

Todo dia seguimos uma rotina, creio que a maioria de nós, porque temos que trabalhar, então é acordar, levantar, se arrumar e daí vem a melhor parte: pegar a condução.
É claro que ela vai estar lotada, é horário de pico, o mundo todo saindo pro trabalho no mesmo horário, fazer o quê? Proeza é tentar fazer parar um ônibus e, depois de esticar a mão dúzia de vezes um deles resolve parar e que sorte, está um pouco menos cheio, pensamos felizes ao embarcar. Depois disso é só curtir a viagem.
É nesse ponto que você descobre que não é elástica porque por mais que seu braço estique não sede um milímetro e também percebe dedos nos pés que nem sabia que existia de tão pisoteados que são, sem contar que sua bolsa ora está na frente, ora nas costas e que nestes momentos gostaria de não ter olfato nem sentidos de tanto que se é apertada, amassada, sovada e esmagada enquanto suas narinas detecta todo tipos de odores.
No momento da descida, descer é outra história. É uma infinidade de "desculpe, com licenças, pera aí motorista" que quando se coloca o pé na calçada se apalpa toda para conferir a integridade. Bem, conseguiu chegar ao trabalho inteira.
No trabalho, o corre corre de sempre: relatórios, reuniões, cafezinhos...reuniões e mais relatórios, bem que o dia podia ter mais uma horinhas. Enfim o dia termina e é hora de voltar para casa.
E  tudo se repete na condição nossa de cada dia.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Dia de mãe

Dia de mãe é todo dia isso é universal. Algumas delas o começa quando o Sol nem despontou ainda, umas enfrentando condução lotada, rua entupidas de gelo, desbravando enchentes, dentro de um barco, elas, essas guerreiras, firmes, fortes, tantas chefes de família, tantas com dúzia de filhos, tantas sem condições alguma, mas estão lá prontas para lida quando o Sol desponta finalmente.
Ser mãe no passado não era fácil e nos dias de hoje complicou mais ainda porque é necessário se desdobrar, maximizar, reciclar, lavar a cara, arregaçar as mangas, sorrir e ser mãe.
Por isso, aproveito essa época, proximo desta data , e faço uma homenagem para todas as mães , de barriga ou de coração, um brinde a vossa existência, sem vocês este mundo tão vasto não seria possível.
Parabéns, nobres guerreiras, que com coração tão grande e força maior ainda nos concedeu vida, nos manteve vivos quando nos era impossível fazê-lo, nos amamentou, muitas em seios de corpos que estômagos roncavam de fome, nos ensinou a caminhar, a falar, a descobrir o certo e o errado e, nos amou, mesmo em horas mais improváveis. O que não fez foi porque estava além de ti e sua limitação não nos limitou porque receber vida é receber asas.
Hoje, agora, digo: obrigado Deus, por fazer este ser tão valioso, de abraço carinhoso e com coração tão amoroso, esse primor de vida que doa dia após dia a si mesmo generosamente.
A vocês, um feliz dia de mãe.

Fobia social.

Gostaria de dizer que é fácil viver neste mundo, morar neste planeta, mas não é.
São tantos fatores que influenciam a nossa vida que nos torna escravos das nossa próprias ações. É claro que cada atitude gera uma consequência e por isso somos muitos bons em arrumar desculpas para cada desconforto que provocamos.
Vivemos numa época estressante, andamos corridos, pressionados, sufocados nesta vida que escolhemos viver. Vemos o reflexo disso todos os dias no trânsito, nos estacionamentos dos shoppings, nas filas de espera onde a ação é valer-se da força, persuação em prol de si mesmo, evidenciando cidadanismo zero e, então, temos medo.
Hoje se fala muito em preconceito e ele existe, mas no entanto o que se vê é medo apenas.Um medo tão grande que nos paralisa diante de tudo nos cegando para o futuro. Futuro esse que será dos nossos filhos.
Tememos o desemprego, a pobreza, porque sabemos que sobreviver a isso é doloroso e não queremos essa dor, então evitamos tudo para não passar por isso, para não engrossar a lista dos pobres e assim suportamos coisas que degadram a nossa personalidade.
Ver corpos desnudos, rostos famintos, exclusão social nos apavora somos impotentes diante desse sentimento , então, fugimos.
Fugimos para a ignorância porque o que se ignora não nos afeta, nos iludimos que tudo isso é no quintal do vizinho, e achamos que não é problema nosso.
Poderíamos fazer algo para mudar esse panorama de miséria onde os bons sentimentos e índole não sobreviverão? Talvez sim, mas para isso teríamos que sair da nossa zona de conforto, sujar nosso pelo branco e praticar o "amar o próximo como a si mesmo", o problema é que o nosso altruísmo morreu junto com a nossa fuga para indiferença.
Essa indiferença nos impede de perpetuar bons sentimentos, impede de ensinarmos para as futuras gerações a valorizar a vida e não ter medo dela, a praticar sempre o que é certo, a usar o bom senso e a amar ao próximo entre outras coisas.
É nessa agonia, entre saber o que é certo e não fazer nada que vivemos com a certeza de que caminhamos para o abismo a passos largos porque temos medo do menino de rua, do catador de papel, da familia da favela, do carro velho, da roupa simples, dos pés descalços, do sorrigo banguela, da mesa vazia, da ausência do dinheiro. Somos reféns do nosso reflexo perfeito, da nossa vida de cadeados e sentinelas, da nossa perda de privacidade.
É um grande faz de conta com final macabro e a cada dia que pasa marginalizamos ainda mais aqueles que não tem vida dentro do padrão que criamos para medir uns aos outros. Então, em nossos sofás de couro, vemos estarrecidos as estatísticas dos crimes, os números dos mortos, dos presos, dos desafortunados e corremos logo fortalecer a nossa casa, blindar o nosso carro para quem sabe assim impedir que tudo isso nos atinja.
É um ciclo de medo, pânico e ódio brotando de ambos lados onde cada ato de fuga nos aproxima cada vez mais de um final grotesco e ali preconceito se mistura com fobia social.

Eu queria....

Eu queria coisa simples, nada muito elaborado mas, se tivesse algum brilho também seria bom. Podia não ser glaumoroso, nem imponente mas do conforto não abriria mão.
Um aconchego para minha carência, um refúgio para meu desespero, um lugar regado de paz. Ali receberia a luz do Sol, da Lua o seu prateado e as estrelas estariam comigo impregnando minha vida.
Assim, eu queria. Queria olhar e ver meus toques, meus mimos, minha cara, minha presença refletidos em cada lugar. O meu cheiro, minha aura, meus sonhos seriam de pronto identificados por todos como meu.
Eu queria sim, esse lugar, esse meu, esse canto que chamaria de lar.