Sinto minhas entranhas se congelarem
E depois derreterem, a água gelada
Verte do meu ser, correndo livre
Um rio caudaloso, levando, lavando
Limpando toda a essência do viver.
Pareço uma velha árvore retorcida,
Ressequida, encarquilhada, corroída,
Carcomida de cupim, quase morta,
Onde nem mesmo a seiva da chuva
Um socorro presto, um intensivo
É capaz de mudar, alterar a sua massa,
O peso dos anos, a velhice de suas raízes.
Ainda falta para a velhice
Mas ao nascer se começa envelhecer
Uns antes, outros depois, sem ordem
Nunca o sempre, nunca eterno.
Estou sim envelhecida nesta mesmice
Olhando o tempo passar sem fazer uso dele
Apática, fraca, desanimada,
Os dias me carregando lentamente
Para a imobilidade absorta e sufocante
Na asfixiante decadência do imóvel
E me sinto um ser morto e velho,
Neste terrível comodismo.
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