terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Imobilidade



 

Sinto minhas entranhas se congelarem

E depois derreterem, a água gelada

Verte do meu ser, correndo livre

Um rio caudaloso, levando, lavando

Limpando toda a essência do viver.

 

Pareço uma velha árvore retorcida,

Ressequida, encarquilhada, corroída,

Carcomida de cupim, quase morta,

Onde nem mesmo a seiva da chuva

Um socorro presto, um intensivo

É capaz de mudar, alterar a sua massa,

O peso dos anos, a velhice de suas raízes.

 

Ainda falta para a velhice

Mas ao nascer se começa envelhecer

Uns antes, outros depois, sem ordem

Nunca o sempre, nunca eterno.

 

Estou sim envelhecida nesta mesmice

Olhando o tempo passar sem fazer uso dele

Apática, fraca, desanimada,

Os dias me carregando lentamente

Para a imobilidade absorta e sufocante

Na asfixiante decadência do imóvel

E me sinto um ser morto e velho,

Neste terrível comodismo.

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