Sempre digo que filhos é um padecimento que toda mulher deve ter, porque tê-los é um sufoco misto glória, não tê-los é quase como vida incompleta. Já pensou? Quem pode deve tê-los.
A mulher que não é mãe fica com auto-estima baixa, cria manias absurdas, passa a chamar bicho de filho (me desculpe, mas pra mim gente é gente e bicho é bicho e que se respeite isso), cria até mesmo certas neuroses de limpeza, fica doente, briga com o marido, é mal humorada e se sente o último ser da Terra.
A mulher que é mãe a auto estima fica na mesma, é cheia de manias e neuroses com o filhote, esquece que tem bicho em casa, fica doente de estresse, briga do mesmo jeito com o marido e a última pessoa que ela se lembra nesta Terra é dela mesmo.
Nada como viver em meio a fraldas e mamadeiras, ouvir a melodia chorosa de toda a noite, ora é dor de barriga, ora é dor de ouvido, ora é resmungo do marido.
O dia passa e a mamãe nem se dá conta. Fica irritada com tudo e com todos principalmente se acerta o dedinho do pé na motoca do pimpolho estacionada no meio da sala, daí nem vamos transcrever o vocabulário descontente no momento, no entanto, basta o rebento fazer qualquer gracinha que ela se desmancha feito manteiga, totalmente esquecida que seu cabelo não viu pente o dia todo e sua blusa tem uma mancha meio suspeita. Neste momento ela se sente abençoada por ter tido o poder e o prazer de produzir aquele ser tão pequeno mensageiro de tão grandes mudanças.
Quanta contradição é ser mãe, se antes você não sabia o que era preocupação agora você nunca mais saberá o que é paz; a partir do momento que se descobre grávida lá se vai os seus dias de tranquilidade. Viver agora é temer.
Você tem medo durante a gravidez do tipo: será que o bebê vai ser saudável, perfeito, completo? Daí vem o parto. Cesárea ou normal? Ai que medo! Mas o fato é que se entrou tem que sair de uma maneira ou outra e se sofre porque são tantos pós e contra em cada parto que se tem vontade de dizer: não quero nenhum! Cheegaa! O fato é que você não tem escolha, é a lei da natureza.
E então ele chega. O seu filhote! Ah, como é bom ver o seu rostinho ali mesmo na mesa de parto, rostinho cheio de massa e sangue, piscando e chorando, te olhando pela primeira vez e tão certo de que você será a pessoa mais importante da vida dele por um bom tempo. Garanto: não existe emoção maior e amor maior também.
Depois disso é aquela loucura: primeiro banho, a primeira noite, a primeira de muitas noites sem dormir, a primeira de muitas outras dores de barriga, no entanto, sempre tem a compensação que vem por meio do primeiro sorriso, a primeira gracinha, a primeira fala (nisto eles não fazem justiça porque sempre falam “papai” primeiro). Como é gostoso ver que eles te reconhecem simplesmente através do seu cheiro e que te amam incondicionalmente esteja você gorda, descabelada, sem banho, com as unhas por fazer, para eles você será sempre a deusa, a rainha, o centro do seu mundo, a pessoa mais valiosa e, depois disso vem o pai. Rsrsrsrsrsrs
Os momentos de desespero também são presentes quando vem as febres sem causa, os afogamentos, a catapora, os muitos machucados, a coleção de tombos, as vacinas benditas e por aí vai...
Você agora já não pode mais viver sem eles, se sai sem eles é como se um pedaço de seu corpo ficasse para trás e quando sai com eles você volta a ser criança vendo o mundo através dos olhos deles.
Sua estante agora está despojadas dos enfeites, os que ainda resistem estão avariados vítimas de incursões curiosas. Os DVDS de luta e ação cederam espaço para todos os desenhos existentes neste mundo e o aparelho de som há muito não toca rock ou MPB.
Namorar é um verbo que você e seu marido já não conjuga mais com freqüência e as noites tórridas de amor parecem fazer parte de uma outra vida.
É, eles chegam e alteram tudo porque essa primeira jornada é especial para se formar algo tão especial e importante que é a formação de um ser humano, por isso, ocupa tanto espaço e não é trabalho para preguiçoso.
Um dia, porém, é certo que tudo isso vai passar, a casa agora estará silenciosa, não haverá choros na calada da noite, nem brinquedos esparramados pela casa e você já não será tão importante assim. Não haverá mais chiliques à mesa, nem broncas a cada volta de passeio porque o seu filhote já cresceu, ficou forte, bateu asas e voou para seguir seu destino.
Então, neste dia, nesta hora, você vai querer voltar atrás e poder bater o dedinho na motoca vezes sem conta só para novamente, nem que por um instante que seja, poder sentir todo o padecimento de ser mãe.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
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Como sempre, seus texts transbordam sensibilidade!
ResponderExcluirTem selinho pra vc no CataLivros: http://catalivrosromances2.blogspot.com/
BJS