Meus amigos, andando pelas ruas da cidade noto que os anúncios estão cada vez com menos texto, a ordem agora é imagem, as propagandas passam seus recados economizando nas letras exagerando nas imagens, entupindo os cidadãos do colorido incansável onde bateu os olhos, entendeu. Tudo é rápido, tudo é high tech.
Ler que é um exercicio para o cérebro, um antídoto para a burrice a cada dia vai ficando de lado.
Quando menos se espera estão todos com dificuldade de ler e escrever porque quem não lê, não escreve.
Daí vem as campanhas incentivando a leitura e o cúmulo desta campanha é colocar um ator (não vou dizer o noe porque vai pegar feio) que apregoa que devemos ler, só lendo nos encontramos, ler alimenta o cérebro e blábláblá... só que, no entanto, ao ser indagado sobre a quantidade de livros que lê ao ano, o dito cujo responde de peito estufado cheio de orgulho: dois!
O que?! Será que entendi bem?! O cara lê dois míseros livros por ano e está fazendo campanha para incentivo a leitura?! É o fim da picada! Gente, isso é piada sem graça e nem quero saber quanto ele ganha para fazer essa campanha porque aí vou chorar!
Fiquei envergonhada, muito envergonhada. Já pensou os outros países vendo isso? Mesmo porque nos Estados Unidos eles leêm um livro por mês e na Inglaterra eles leêm vinte e cinco livros ao ano, e aqui quando o cara lê dois livros por ANO botam ele para fazer campanha em prol da leitura. Imaginem o que pensam de nós! Acreditam que somos analfabetos.
Eu cresci em meio aos livros, quando ainda não sabia ler minha mãe contava histórias, histórias estas que repasso aos meus filhos. Logo cedo ela nos introduziu ao mund mágico dos livros e nos apresentou aos clássicos, isto mesmo, tanto que quando cheguei na época do colégio que estes livros eram obrigatórios, não foi nenhum pesadelo para mim.
Ela amava ler e ainda gosta, embora hoje não leia tanto devido aos óculos que vieram com a idade, foi ela quem ensinou para mim e minhas irmãs o gosto da leitura. As vezes ela passava na rua e via livros no lixo, tratava logo de pegá-los, se estivessem rasgados elas os consertava, lia-os e se era próprio para nós permitia também que os lêssemos. Ela era o filtro para que leitura imprópria para nossa idade não chegasse aos nossos olhos.
Meu pai odiava esse nosso hábito e então líamos as escondidas, com os ouvidos atentos para não sermos pegas de surpresa porque se isso acontecesse os livros teriam um final não muito bom.
Isso, no entanto, não nos impediu de ter sob a nossa cama uma caixa cheia de livros que era o nosso precioso segredo.
Nem preciso dizer que nem eu, nem minhas irmãs, tivemos problemas com a língua portuguesa. Redação sempre foi o nosso forte, interpretação de texto e dicção não nos deu trabalho, coisa que para muitos é um suplício sem fim.
Ler é de fato abrir os horizontes, é viajar o mundo sem sair do lugar, é ver nas palavras os cenários, é viver as experiências de cada personagem como se fosses suas, é nutrir-se, é pausar a realidade e viajar na pena de quem escreveu. Eu amo isso!
E isso eu devo a minha mãe, mulher simples, sem estudo, mas que ensinou as coisas importantes da vida, fez o melhor que pode para que hoje eu pudesse ser quem sou, mesmo sem saber do hoje, ela acreditava lá no ontem que onde existisse cultura e educação haveria espaço par o respeitar o próximo e o planeta. Como ela sabia disso eu não sei, mas o que ela ensinou hoje eu ensino para os meus filhos.
Então, quando vejo alguém fazer campanha para algo que ele mesmo não pratica, percebo o quanto isso é fora de propósito, escorregando para o rídiculo.
Realmente é lamentável que a maioria dos brasileiros não gostem de ler, sei que faz parte do perfil brasileiro, mas lerao meu ver devia ser "lei", devia ser vício.!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
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