São tantos fatores que influenciam a nossa vida que nos torna escravos das nossa próprias ações. É claro que cada atitude gera uma consequência e por isso somos muitos bons em arrumar desculpas para cada desconforto que provocamos.
Vivemos numa época estressante, andamos corridos, pressionados, sufocados nesta vida que escolhemos viver. Vemos o reflexo disso todos os dias no trânsito, nos estacionamentos dos shoppings, nas filas de espera onde a ação é valer-se da força, persuação em prol de si mesmo, evidenciando cidadanismo zero e, então, temos medo.Hoje se fala muito em preconceito e ele existe, mas no entanto o que se vê é medo apenas.Um medo tão grande que nos paralisa diante de tudo nos cegando para o futuro. Futuro esse que será dos nossos filhos.
Tememos o desemprego, a pobreza, porque sabemos que sobreviver a isso é doloroso e não queremos essa dor, então evitamos tudo para não passar por isso, para não engrossar a lista dos pobres e assim suportamos coisas que degadram a nossa personalidade.
Ver corpos desnudos, rostos famintos, exclusão social nos apavora somos impotentes diante desse sentimento , então, fugimos.
Fugimos para a ignorância porque o que se ignora não nos afeta, nos iludimos que tudo isso é no quintal do vizinho, e achamos que não é problema nosso.
Poderíamos fazer algo para mudar esse panorama de miséria onde os bons sentimentos e índole não sobreviverão? Talvez sim, mas para isso teríamos que sair da nossa zona de conforto, sujar nosso pelo branco e praticar o "amar o próximo como a si mesmo", o problema é que o nosso altruísmo morreu junto com a nossa fuga para indiferença.
Essa indiferença nos impede de perpetuar bons sentimentos, impede de ensinarmos para as futuras gerações a valorizar a vida e não ter medo dela, a praticar sempre o que é certo, a usar o bom senso e a amar ao próximo entre outras coisas.
É nessa agonia, entre saber o que é certo e não fazer nada que vivemos com a certeza de que caminhamos para o abismo a passos largos porque temos medo do menino de rua, do catador de papel, da familia da favela, do carro velho, da roupa simples, dos pés descalços, do sorrigo banguela, da mesa vazia, da ausência do dinheiro. Somos reféns do nosso reflexo perfeito, da nossa vida de cadeados e sentinelas, da nossa perda de privacidade.
É um grande faz de conta com final macabro e a cada dia que pasa marginalizamos ainda mais aqueles que não tem vida dentro do padrão que criamos para medir uns aos outros. Então, em nossos sofás de couro, vemos estarrecidos as estatísticas dos crimes, os números dos mortos, dos presos, dos desafortunados e corremos logo fortalecer a nossa casa, blindar o nosso carro para quem sabe assim impedir que tudo isso nos atinja.
É um ciclo de medo, pânico e ódio brotando de ambos lados onde cada ato de fuga nos aproxima cada vez mais de um final grotesco e ali preconceito se mistura com fobia social.
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