quarta-feira, 3 de março de 2010

Ah, o dinheiro.

Quer coisa mais chata que a falta de dinheiro? Pois é, esse leva muitos a cometerem desatinos, a justificar os meios, a forçar resultados nem sempre honrados para obtê-lo.


O vil metal, como alguns despeitados o chamam, é o que rege esse nosso mundo , ele o governa, ele o domina e não tem outra escolha ou alternativa. Ele é o poder de poucos e o inferno de muitos. Quem o possui não consegue imaginar uma vida sem ele e quem não o possui não consegue nem imaginar se lhe faltar o mínimo.

Os mais otimistas (ou conformistas) dizem que ele é a raiz de todo mal, que quando se morre não se leva um níquel sequer, que ele não é o centro da felicidade e assim vai desfiando formas variáveis para muitas vezes dissimular a ausência dele e a ânsia dele. O fato é que quanto mais se tem mais se quer e quando não o tem vive-se em depressão querendo ter. Sendo assim a realidade é que não se vive sem ele, não nesse mundo. Ele não traz felicidade, mas ajuda obtê-la, ele não livra da morte, mas a prolonga, ele não lhe traz o sossego da alma, mas traz os prazeres da carne e assim vai.

Como deve ser bom sacar da carteira e gastar, sem culpas, sem traumas, sem fazer contas, ou melhor, ir lá e só ir passando o cartão de crédito (que não tem limite de crédito) apenas para se dar o prazer de comprar um vestidinho aqui, uma bolsinha li, um par de botas de marca, uma viajem básica para o exterior, comprar carro mais legal e moderno e tantas coisas prazerosas que se pode fazer com ele que dá até uma sensação boa só de imaginar. No entanto, são muito poucos os que o tem para gastá-lo desta forma desvairada e em mundo de crise parece até um pecado pensar desta forma ou sonhar dessa maneira.

A realidade é mais dura, não tem base em fantasias, e ele, o “vil metal” é escasso quase inexistente, o que obriga a maioria das pessoas a cada vez mais conviver com o mínimo, vivendo em condições extremamente precárias, com prazeres cada vez menos prazeres, e feliz por ter ainda uma roupa com que cobrir o corpo ou um grão no prato para comer.

As necessidades básicas passam a ser extremamente básicas e luxo é artigo de luxo mesmo, elas se obrigam a trabalhar em subempregos onde recebem subsalários para manterem suas subvidas em suas submoradias situadas geralmente nos subúrbios onde estão cercadas pelo submundo onde são escravos de uma sina que determina um ciclo de miséria onde o poder que conhecem é a violência que infelizmente é gerada pela ausência de dinheiro que não deu espaço para cultura, educação, lazer e prazer, todos os itens básicos para que uma pessoa viva dignamente. Aqui a presença dele seria a diferença entre viver a margem ou viver na margem, ter uma vida honesta e sincera, ou entre viver e morrer porque num ambiente como esse morre-se um pouco por dia.

A diferença é que quem o tem controla a vida desses que não tem, porque se esses que não tem passarem a ter vão acabar com a regalia de quem já tem e então deixaria de ser bom negócio, deixaria de ser lucrativo, porque neste mundo capitalista é necessário que exista este povo descapitalizado para dar base para quem possui não só o dinheiro, mas a vida dessas pessoas.

A nossa vida.

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