quarta-feira, 10 de março de 2010

Homem e mulher.

O homem e a mulher. Essa dobradinha já deu muito o que falar. Como fazê-los se entenderem, eis a questão.
O homem foi educado para ser o "chefe" da casa. Os jargões são muitos "homem não chora", "por que isso? Você não é homem?", " quem manda é o homem, a mulher obedece" e por aí vai o desfile de frases machistas. No entanto, a história é bem outra.
O homem para se sentir bem ele tem que está sempre autoafirmando sua masculinidade ou poderio. Seja dentro de casa com a mãe e irmãs, dentro do seu lar com a esposa e filhos ou dentro do seu trabalho, neste porém, se for para com os homens ele se gaba das conquistas, se é com as mulheres ele disputa espaço acirrado perante o chefe, no tipo, quem pode mais chora menos. O que se vê  nisso tudo? Um ser frágil. Um ser incapaz de falar do seu eu, de expor seus sentimentos, de se chegar a um consenso de um problema sem dramas, incapaz de viver. Foi-lhe negado a capacidade de pedir ajuda, de chorar, sofrer, de se escabelar, porque quando lhe disseram que homem devia ser "forte" lhe amputaram o coração. Ouvi-lo é sinal de fraqueza.
Sendo assim, tornou sua convivência com o sexo oposto tumultuada ao extremo, porque, nós mulheres, somos seres do coração, o cérebro vem depois. Explica-se aí os conflitos seculares entre homens e mulheres.
No tempo das nossas avós os homens mostravam sua superioridade pela chibata, mulher e filhos apanhavam muito pelas suas "transgressões". Quando uma mulher se rebelava era porque o fulano não tinha pulso firme, e olha que a rebeldia dela, muitas vezes, era passar um batom. Se uma filha aparecesse grávida em casa, o mundo acabava, além de apanhar era expulsa para sempre do seio da família, a mãe ficava chorosa e sofria calada porque quem decidia era o homem.
Trabalhar fora era o fim da picada. Mulher que trabalha fora chifra marido, começa a ter pensamentos, claro, não podia. Não podia porque ela a partir daí começava a ver o mundo, a crescer, se destacar e eles, os homens, não podiam suportar isso. E era tanto disparate que nem vou comentar mais nada.
O tempo passou e com ele veio a "liberdade" feminina, sua emancipação,e também  a culpa, a angústia, a depressão, a falta de amor porque ao se destacar a mulher ficou sozinha. Os lares se encheram de divórcio, os filhos de revolta e o marido de desprezo, porque o homem quando não entende uma coisa ele despreza.
Podemos dizer que viver ficou mais dificil, ficamos sobrecarregadas, atoladas em responsabilidade, enfrentamos antagonismo no trabalho, em casa, nas ruas e descrença pelo nosso esforço.
O marido logo pensa que se você foi promovida talvez ele esteja sendo um corno, e isso é intensificado nas rodas dos amigos que cruelmente acabam com a imagem da profissional mulher, tudo porque são incapazes de se desapegar das antigas tradições, da pose de machão. Os homens sempre tiveram alguém para cuidar deles, e geralmente mulheres, quando nasceram a enfermeira cuidou, depois a mãe continuou cuidando até ele poder se manter, se ele optou por ir morar sozinho, alguem veio cozinhar e limpar para ele, a namorada lhe deu o conforto que precisava e se ela passou a ser esposa virou sua empregada, psicologa e tudo mais que ele precisava em tempo integral. Isto explica como é dificil para eles aceitarem que somos autosuficientes e que se estamos com eles é porque é uma opão nossa e não necessidade. Creio que isso para o ego inchado masculino deve ser muito complicado.
Sim, o panorama feminino mudou, a época é outra, mas ainda tem chão para mudarmos também as tradições, estamos longe de sermos aceitas pelo que somos e fazemos. Fico irada quando vejo uma mulher exercer uma função tipicamente masculina, uma mecânica , por exemplo, e por isso ser tachada de homosexual, por grande parte dos homens e até mesmo das mulheres. O que faço é o que determina a minha sexualiade e não o que sou? Não é porque se pega no pesado é que se deixa de ser mulher, o tempo de mulher frágil já passou, hoje se uma delas trabalha no pesado é porque não tem opção ou tem bocas para alimentar, e como toda boa mulher enfrenta com coragem qualquer coisa que vir pela frente. Ela tem suas prioridades.
Enquantos os homens se prostam  diante das adversidades as mulheres tocam o barco, esperando tirar do problema uma solução para o mesmo. É assim que damos conta da jornada dupla que todas temos todos os dias. Sem essa garra e essa força isso não seria possível.
Somos multifuncionais, somos mãe, mulher, esposa, profissional, mediadora, decoradora, motorista, enfermeira, amante, etc. Sempre temos uma solução na manga, uma palavra , um sorriso nos lábios, mas também não queira testar a nossa paciência, ela também tem limites. Geralmente somos as ultimas a decidir por um divórcio e se isso acontecer pode ter certeza que foi tentado de tudo para fazer dar certo, mas não foi possível.
Hoje a maior causa dos divórcios é o destaque na carreira das mulheres, que sempre pede mais dela e acaba sobrando pouco tempo para o lar e os filhos, o que acaba gerando incompreensão por parte do marido que por sua vez, opta por pular fora. Se fosse ao contrário, e fosse ele o cara que tivesse que se dedicar mais ao trabalho, a história seria outra: ele teria todo o apoio em casa da esposa, dos filhos e claro da familia que sempre diria "coitado, ele trabalha tanto, vaí ser promovido". Mas para nós isso não existe, o que poderiamos ouvir é "você pensa que é só trabalhar? E seus filhos, seu marido, sua casa...eles são mais importantes..."
É, meus amigos, antes de continuarmos galgando os degraus da superação temos que galgá-los pela aceitação, e começar mudando a maneira de pensar da ala masculina, que cá entre nós está mudando sim, mas a passos lentos, precisamos acelerar esse processo e como faze-los?
Aqui vai algumas dicas: não seja escrava dos seus filhos, ensine para o moleque que mãe é mãe não empregada, que menina na escola se destaca porque estuda, que ele também pode destacar se estudar, e que homem chora sim porque também é de carne e osso e dói da mesma forma, e que se levar um esculacho, um bolo, um fora, que é normal sofrer por isso e a melhor maneira de exorcizar a dor é falar sobre ela, é chorar,  e que o que define um homem e uma mulher é o que se quer ser e não o que os outros dizem para ser ou falam que tem que ser.
Quem sabe assim nas próximas gerações o mundo esteja com espaço definido e igualitário para as mulheres, que compreendam as nossas conquistas, que vieram para somar e não para subtrair, até lá, minhas caras, já teremos sofrido tudo, por nós e por elas, as que virão.
Abraços.

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