quarta-feira, 13 de janeiro de 2010



Hoje em dia é comum ouvir falar em incentivo a leitura, existe campanha para isso. Interessante é mas me entristece. Precisamos de campanha para ler!?

Há quem culpe a tecnologia pelo fato de se ler cada vez menos, mas o problema vem de mais longe.

O brasileiro não gosta de ler. Não lê porque não se habituou a isso. Nas escolas de antigamente (olhe que não muito longe) somente no colégio a leitura era obrigatória, veja bem, que era obrigatória porque se não obrigassem não se leria livro algum. Isso é realmente terrível, porque daquela época os adolescentes hoje são adultos e adultos pais que não aprenderam a ler e que continuam não lendo (porque ler 2 livros ao ano é uma vergonha!) como vão despertar o hábito em seus filhos?

É fato que se aprende bons hábitos na infância e para se aprender isto precisa ser ensinado, é despertar nas crianças o prazer da leitura, para que cresçam habituados a ler, não obriga-los a isso. Obrigação é chateação e se associarem isso ao ato de ler o Brasil vai ter que continuar com suas campanhas em prol da leitura.

Insistir com os adultos hoje não creio que surtirá muito efeito, a menos que existe alguma forma de despertar esse prazer tardio, no entanto, o que nos trará retorno a longo prazo são as nossas crianças que um dia serão adultos leitores pais de filhos leitores. Garanto que o panorama deste país será melhor.

Não estou afirmando que o fato de sermos leitores resolverá os problemas do Brasil (quem dera!) porque eles são muitos e transcede a leitura, mas vai contribuir para cultura do povo, vai faze-lo ir atrás de mais cultura resultando em educação e povo assim não se deixa enganar facilmente, tem ferramentas de articulação e conhece o seu direito.

Por enquanto, a campanha segue e faço fé que ela vai conscientizar nem que seja 1% dos brasileiros o que vai ser muito. Não estou sendo pessismista, não, é que em país onde todos leêm resumos de livros para fazerem suas provas é um dado estatístico expressivo. Terrível, não? E ainda tem mais: tive um professor na faculdade que passava o endereço eletrônico de onde era possível encontrar tais resumos. Lamentável.

Ler não deve ser obrigatório, porque ler é se informar, é saber, é ter o poder da palavra já que tal ato enriquece o nosso vocabulário e destrava o pensamento favorecendo a articulação , abre sua visão da vida e de brinde é um passatempo delicioso.

Quem sabe assim, o ler se tornando um hábito pra os brasileiros, estes programas estúpidos de televisão cheguem ao fim, porque programas desses tipos são assistidos por seus pares.

Eu digo ler, mas ler livros não e-books, que fazem mal aos olhos e favorecem a distração por que sempre há a tentação de ler seus emails ou acessar a pagina de um site, o livro não, este se pode levar para onde quer que vá, ler aonde se queira ler e ser prisioneiro de sua história em qualquer lugar.

Tenho reparado que homens leem ainda menos que as mulheres. Não conheço nenhum que realmente aprecie a leitura, posso dizer porque convivo com três e dois deles são alfabetizados. Um deles é meu filho recentemente alfabetizado e com aversão a leitura só lê mesmo porque insisto, leio com ele, sinceramente espero que isso se altere um dia e ele possa gostar; o outro é meu marido que passa longe de livros durante anos, se tiver gravuras até vai, mas evita se puder, já tentei de tudo, mas não se interessa prefere ver televisão ou então ler o cabeçalho das notícias no jornal e só. Ele já é adulto então as chances de um dia ele mudar são mínimas. Quanto ao caçula ainda não foi alfabetizado este tenho plenas esperanças de que se pareça comigo e seja meu companheiro de leituras, porque até agora sou proibida de fazer comentários do que leio, creio que não é implicância deles, mas sentimento de inferioridade mesmo.

Quero deixar bem claro: não sou contra a campanha nem nunca vou ser, muito pelo contrário, faço parte dela, mas minha tristeza é porque se o Brasil se interessasse mais por leitura sua história seria diferente, até o seu presidente.

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