Como ser mãe, como educar um filho, sem que a agulha da incerteza, o peso esmagador da responsabilidade nos paralise diante dessa enormidade que é criar um ser humano.
As prateleiras das grandes livrarias estão superlotadas de livros “ajudatórios” para criar um ser humano “perfeito”, uma pessoa centrada. Livros recheados do tipo: não seja duro nem violento com seu filho, não bata, não ofenda, não olhe feio, não diga isso nem aquilo, porque se dizer seu filho vai ser uma pessoa mal resolvida, revoltada, pode vir a ser um drogado, assassino, violento, vingativo e por aí vai. Daí me pergunto: e os filhos de quem escreve esses livros? São exemplos de pessoas? A fórmula que eles ensinam é baseado em quê? Então depois de beber as palavras e ensinamentos impressos vem a decepção: o filho do tal se suicidou ou é dependente químico ou está preso por ser mal.
Poxa! Alguém pode devolver o meu dinheiro? Corrigir o meu cérebro que bebeu aquelas palavras? Devolver o meu rumo, ou meu bom senso que foi contaminado por tão belo texto? Reavivar a minha crença que creu em tão amplo estudo? O que está certo afinal? Se quem estava me ensinando, “ajudando”, falhou ao educar? Chora por não ter criado algo bom? Sofre pelas conseqüências de suas atitudes? E se culpa por produzir uma pessoa má, sem caráter, um criminoso? Chego a respirar fundo, a cabeça dando um nó sem tamanho. Estou sozinha no ato de educar, posso apenas contar com meu marido que também sofre com a incerteza de como ser pai nesse tempo tão mudado.
Educar. Palavra pequena e de grande responsabilidade. É como se uma arma letal estive apontada para a humanidade, porque um dia o que foi educado vai ser solto no mundo e daí por diante a escrita da vida quem faz é ele próprio, mas para isso a base tem que ser boa e profunda, senão quando tudo for liberado as conseqüências poderão ser um desastre. Ta certo, quando nosso filho nasce, nasce como um papel em branco, somos nós, pais, que vamos escrever o prefácio desse ser, dessa vida que um dia será uma pessoa adulta. Cabe a nós, pais, decidir como vamos escrever usando o bom senso que foi o que guiou as nossas mães e pais, pois naquela época não tinha tantos livretos ensinando como eles deviam proceder. Digo que eles foram heróis pois com pouco recursos e letras criaram pessoas brilhantes, amáveis, inteligentes, respeitadoras e diga-se vencedoras.
Eu me considero isso e devo tudo aos meus pais que aconselhou, brigou, bateu quando precisou e estou aqui, não morri e os respeito. Naquela época minha mãe não deixava jogar lixo no chão, vendia papelão, plástico e metal e em hipótese alguma deixava desperdiçar água., é tanto que essa campanha para a preservação do meio ambiente não me afetou, porque cresci assim, sem saber, preservando o meio ambiente. Tudo graças àquela mulher simples, quase sem estudo (por que não teve a oportunidade que eu tive e que meus filhos estão tendo) tinha o bom senso e era a única coisa a qual podia contar. E fez certo.
Agora a minha geração, com diplomas, tantos livros, pesquisas, sites e blá, blá , blá nunca esteve tão confusa e burra na arte de educar. Digo isso com certeza, sou mãe, tenho dois para educar na minha mão e tantas e tantas vezes não sei o que fazer com eles, sou corroída pela incerteza, cheia de dúvidas quanto ao certo e morta de medo de estar criando algo próximo do que se classifica como mal.
Nessas horas tento lembrar de como minha mãe reagiria em situação semelhante e as vezes funciona, mas as vezes descubro que estamos em uma outra época onde muitas vezes o que é certo, é errado e o que é errado é certo. Então cercadas de dúvidas, incertezas, pavor sigo nesta tarefa árdua de educar e com a terrível certeza de que ser mãe ou pai não é tão simples nos dias de hoje.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
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