Eu tinha 15 anos quando que, por impulso, comprei uma revista de noiva e lá estava ele: o vestido. Eu, adolescente, com toda a vida e estudo pela frente; é claro que ainda não pensava em casamento, no entanto tive certeza que quando me casasse seria aquele vestido que todos veriam em mim, era esse o vestido dos meus sonhos. A revista com a página marcada foi guardada. E o tempo passou.
Com 26 anos conheci o homem da minha vida e entre namoro, noivado e casamento foram 9 meses. Sempre fui decidida e não tinha dúvidas quanto a querer viver com ele. A data do casamento estava marcada e começou a correria contra o tempo: enxoval, buffet, reforma da nossa casa e finalmente o vestido de noiva.
Fui atrás da minha revista guardada por 11 anos para aquele momento tão especial. Levei o modelo para confecção e quando me passaram o valor final do vestido, fiquei muito triste, na atual circunstância com tantos gastos referente ao casamento, o valor do vestido era muito alto. E era mesmo.
Não disse nada a ninguém, porém tudo perdeu a graça, podia ser uma frivolidade o meu desejo pelo vestido, mas era importante para mim que guardei durante 11 anos o modelo. Era o vestido dos meus sonhos e mesmo que fizesse ou alugasse outro não seria a mesma coisa.
Assim, cheia de tristeza, comecei a busca por outro vestido. Foi terrível, porque nada me agradava, e depois de tantas buscas eu não tinha um vestido ainda. Os dias se estenderam e a data do casamento se aproximava.
Quando faltavam apenas 15 dias para o meu casamento, minha cunhada entrou em pânico quando soube que eu ainda não tinha um vestido, foi aí que ela se lembrou que uma tia do marido dela tinha um ateliê de noivas e madrinhas e sugeriu que fossemos dar uma olhada. Topei e estava decidida a escolher qualquer um desta vez.
O lugar onde ficava o tal ateliê era horrível, sinceramente eu nunca procuraria um vestido de noiva num lugar como aquele. A escadaria era infinita, era como descer no centro da Terra e no final dela uma porta enferrujada. A mulher empurrou a porta rangente e eu ao entrar estaquei, paralisada de espanto. Todas me olharam assustadas.
Inacreditável, mas lá estava ele, o vestido da minha revista, o vestido dos meus sonhos, vestindo o manequim. Corri para ele sem quase respirar, era impossível, mas estava acontecendo. Com a voz embargada de emoção, contei a história para elas que ficaram surpresas. Rapidamente a mulher pediu para eu vestir o vestido; seria o teste, se realmente aquilo tinha que acontecer o vestido teria que servir em mim. Com o coração aos pinotes o vesti e nunca vi algo ser tão perfeito, parecia ter sido feito para mim. Não precisou de nenhum ajuste, vestia perfeitamente bem e os acessórios acabaram de completar. Eu ria feito uma boba e quando ela disse o valor, chorei de felicidade: eu poderia pagar por ele.
Depois ela me contou a história do vestido: uma moça trouxe a revista e mandou fazer, pagou, mas então o casamento acabou e ela nunca veio buscar o vestido e ele ficou guardado por algum tempo, quando indagada sobre o que fazer com o vestido a moça disse para dar um “fim” qualquer a ele. E ele ficou lá, num varal suspenso no teto, no cantinho, escondido pelos outros.
E então, justamente naquele dia pela manhã, a mulher ao arrumar os vestidos no varal ela o viu e sentiu vontade de vestir o manequim mostruário com ele, e só agora ela entendia o porque dessa vontade.
Só sei que se ela não tivesse obedecido esta vontade eu nunca teria visto o “meu” vestido e não teria realizado o meu sonho e minha felicidade não teria sido completa.
Este foi um dia especial, lindo e feliz da minha vida. Existiram outros com certeza porque sou feliz no meu casamento, tenho dois filhos maravilhosos, mas este dia ficou marcado e quando me lembro dele sempre me emociono, como agora ao escrever para vocês.
Um brinde aos nossos sonhos.
Beijos.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
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